Autismo e suas peculiaridades

O que vem à sua cabeça quando o assunto é autismo? 

Quando não se é especialista no assunto, o pensamento sobre uma pessoa autista, normalmente, é de um indivíduo que não se comunica ou se comunica com dificuldade, que permanece isolado o tempo todo, que não se socializa, que não olha nos olhos e que gosta de coisas estranhas, como animais exóticos, assuntos difíceis e específicos como história da arte egípcia ou equações matemáticas, por exemplo. 

Mas para a maioria das pessoas, nem mesmo esses pensamentos ocorrem, pelo grande desconhecimento sobre o autismo. Esse desconhecimento, somado a experiências distantes e superficiais com pessoas autistas e suas famílias, constrói no imaginário dos leigos um senso comum com base em estereótipos e que não condiz com a realidade.

Nesse artigo vamos explicar o que é o autismo, também chamado de transtorno do espectro autista (TEA), suas principais características, suas evidências e como é classificado atualmente.

O que é TEA?

A Associação Americana de Psiquiatria utiliza o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição) para diagnóstico de autismo. O autismo é tecnicamente chamado de TEA, que significa Transtorno do Espectro Autista e é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. 

O autismo é um espectro amplo e afeta cada pessoa de maneira diferente. Não há 2 pessoas com autismo que sejam iguais em suas dificuldades, experiências e desafios. 

A gravidade e a manifestação dos sintomas podem variar significativamente de pessoa para pessoa e, de acordo com o nível de suporte, que é a necessidade de auxílio para executar tarefas no dia a dia, é dada a classificação, dividida em 3 graus.

Os graus de classificação do autismo

  • Grau 1: é o mais leve, onde os indivíduos muitas vezes ouvem que não tem “cara” de autista e passam a ser rotulados muitas vezes por desinteressados, porque na verdade, possuem interesses restritos e não se encaixam nos interesses comuns da maioria. Apresentam sintomas leves e se tornam independentes na vida adulta. 
  • Grau 2: é chamado moderado, onde há necessidade de ajuda em algumas tarefas, mas com menor dependência de terceiros quando comparado com o grau 3. Algumas estereotipias podem se apresentar de forma mais visível com padrão repetitivo e é comum apresentar hipersensibilidade a estímulos sensoriais.
  • Grau 3: é o autismo severo, onde há maior dependência e necessidade de ajuda nas tarefas diárias e é comum haver comorbidades associadas, como déficits cognitivos. Estereotipias são evidentes e há muita dificuldade de interações sociais neste grau.

Comumente identifica-se em autistas habilidades e dons aflorados muito além da média, em diversas áreas como na música, na matemática ou na ciência. O cérebro autista tem uma forma diferente de pensar e é por isso que se diz que alguns deles pensam “fora da caixa”, independentemente do grau de classificação.

Principais características do autismo

Dificuldade de interação social: o indivíduo apresenta dificuldade em estabelecer amizades e em compreender normas sociais. Dificuldade em expressar empatia, não compreende as emoções e as perspectivas dos outros.

Dificuldade de comunicação: ocorrem atrasos na fala e no desenvolvimento da linguagem e em casos mais severos podem não desenvolver a fala de forma verbal. Podem ter dificuldades na compreensão do significado das palavras, expressões verbais, tons e gestos.

Padrões de comportamento repetidos e interesses restritos: podem desenvolver interesses específicos sobre assuntos restritos, como matemática, música, línguas, animais, entre outros. Podem apresentar movimentos repetitivos do corpo (estereotipias), como balançar as mãos, movimentar o corpo para frente e para trás e aderem às rotinas diárias, não gostam de mudanças. 

Também é comum apresentarem hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais como luz, som, texturas e cheiros, o que pode levar a reações intensas a esses estímulos.

As evidências do autismo

Os sintomas de autismo geralmente se tornam evidentes na infância, antes dos 3 anos de idade. No entanto, o diagnóstico pode ser feito na vida adulta se houver menor gravidade, podendo passar despercebido durante longos anos.

O diagnóstico e tratamento precoce, individualizado, desempenham um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida das pessoas com autismo. Muitos sofrem a vida toda por não se “encaixarem” no meio em que vivem, sentem-se como peixes fora d’água e em muitos casos, se isolam e desenvolvem outras doenças, como ansiedade e depressão.

Muitas pessoas com autismo possuem habilidades e talentos únicos em áreas específicas. Veja este artigo sobre 5 celebridades mundiais com autismo que você talvez não saiba: 5 celebridades portadoras de autismo

Existem muitos autistas espalhados pelo mundo, pensando de forma diferente e fazendo a diferença. Mas, independentemente disso, todos precisam e merecem uma sociedade mais inclusiva, que se esforce em entendê-los melhor e em acolhê-los em suas necessidades e peculiaridades.

São essas peculiaridades que os fazem tão especiais e únicos e, nós que temos cérebros considerados “normais”, temos o dever de respeitá-los, com humildade para reconhecê-los em sua neurodiversidade e suas particularidades.

Conte nos comentários o que você achou deste artigo e qual é a sua experiência com autismo. O objetivo aqui é informativo e não científico.

“Sempre é Tempo Agora! Se não agora… Quando?”

Sobre o Autor

Juliana Silva Teles
Juliana Silva Teles

Colaboradora frequente do Blog Sempre é Tempo Agora através de seus valorosos artigos, Juliana Augusta Spinelli da Silva Teles, 44 anos, é médica, mãe amorosa e esposa zelosa. Dentre suas várias especialidades está a reumatologia e a medicina da saúde no trabalho. É membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia e tem vasta experiência em atendimento clínico e de urgência e emergência. Autora de alguns artigos científicos publicados, em sua área profissional, passou a se dedicar a redigir artigos de assuntos que lhes são interessantes. Entusiasta exploradora de lugares que ainda desconhece, tem dedicado parte de sua vida à novas experiências em suas viagens pelo mundo. Sua curiosidade em conhecer, entender e até experimentar estilos de vida diferentes do seu faz da doutora Juliana uma rica fonte de histórias enriquecedoras. Seu objetivo com a criação de seus textos é compartilhar com o leitor o que considera o melhor de si. Sua simplicidade e clareza mental são excelentes parceiras na construção de seus leves e prazerosos textos.

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