Feito é melhor que perfeito. Ou será que não?

Esse conceito “feito é melhor que perfeito” é excelente para encarar a procrastinação de frente e combatê-la na sua principal raiz e isso eu te explico neste texto.

O general americano George Patton, que liderou o 3º Exército dos Estados Unidos na Europa e no Mediterrâneo durante a 2ª Guerra Mundial, fez a seguinte afirmação em um dos emblemáticos momentos de lideraça de seus comandados: “Um plano razoável executado hoje é melhor que um plano perfeito que sempre ficará para ser executado na semana que vem”. Essa foi a afirmação tomada por base para a versão atual: Feito é melhor que perfeito.

A primeira coisa que ela nos ajuda a entender na sua simplicidade é que: Precisamos partir para a ação!

Tirarmos as ideias do papel, de dentro de nossas mentes e não ficarmos presos na armadilha mental de que nunca está bom o suficiente para colocá-las em prática. 

Essa procrastinação é muito mais comum do que imaginamos e atinge a maioria dos seres humanos. É bem provável que todos tenhamos passado por algum momento em que deixamos para depois algo que pensamos em fazer e acabamos nunca colocando em prática. 

Muitos podem ser os motivos que nos levam a não colocarmos as nossas ideias em prática, não fazermos o que gostaríamos de fazer ou, até mesmo, adiar indefinidamente se lançar em seu projeto de vida.

O perfeccionismo é o grande vilão que lhe faz ter a equivocada ideia que algo não estaria perfeitamente desenvolvido para ser colocado em prática. Sempre tem algo a melhorar, algum conhecimento a adquirir, alguma coisa a aprimorar para começar. 

Mas não seria isso o medo de errar? Ou o receio de reprovação? Ou seria o perfeccionismo fruto da arrogância humana em não admitir que podemos errar ou que, inevitavelmente, seremos criticados em algum momento?   

Como acertar sem errar?

Quantos vezes já ouvimos histórias de fracassos alheios contadas em tom jocoso, sempre de forma a depreciar a pessoa que fracassou. Muitas vezes embasada em uma análise simplista e sempre acompanhada de soluções fáceis. Você já ouviu falar nas expressões “engenheiro de obra pronta” ou “treinador de jogo jogado”? 

A ideia de que o fracasso é ruim, é algo que marca negativamente a história de uma pessoa, manchando sua reputação e selando seu destino para sempre. É passada de gerações em gerações fortalecendo a cultura da vitória, do sucesso, das notas altas e menosprezando o erro, as derrotas e o fracasso. Só quem tem valor é quem acerta. E por isso o erro deve ser evitado a qualquer custo. 

Muitos desses erros são gerados por nós mesmos. Por incompetência, por teimosia, por preguiça, por soberba, por falta de conhecimento, por excesso de confiança… Se examinarmos sinceramente quantas vezes fomos os maiores causadores dos nossos próprios fracassos, vamos nos surpreender. 

Mas como acertar sem errar? Pois é, não dá. A esmagadora maioria dos acertos e das vitórias, tanto de nós indivíduos como de nós como sociedade, precedem de erros e fracassos.

É essa mentalidade equivocada que baseia a demonização do erro e do fracasso e nos faz rejeitá-los de maneira a nunca aproveitá-los como oportunidade de crescermos com eles. “Feito é melhor que perfeito” não tem como se encaixar nessa mentalidade.

Errar não é falhar, feito é melhor que perfeito

Se nós fizermos dos erros e fracassos algo sempre depreciado, o que somos quando erramos ou fracassamos? O que nossos erros dizem sobre nós? O que os outros pensam de nós quando erramos? 

Evitar o erro a qualquer custo nos condena a duas coisas: falhar ou nunca começar. 

Quando não aprendemos com nossos erros passamos a repeti-los e isso evidencia que somos falhos naquilo, que não temos competência adquirida na solução daquele problema. 

E como vamos alcançar a oportunidade de aprendermos com novos erros, se pararmos naqueles que falhamos repetidas vezes. Eis aí um paradoxo. 

Agora fica mais fácil de percebermos porque é tão difícil começar algo, porque quase nunca partimos para a ação. Somos reféns do que nós mesmos e/ou outros pensamos de nós se errarmos em uma nova iniciativa. Vai que cometamos algum erro, vai que isso nos torne um fracassado… “Feito é melhor que perfeito” é um driver mental que precisamos instalar em nossas mentes para partirmos mas a ação, para enfrentarmos o medo de errar. Toda ideia é ruim enquanto não é posta em prática, enquanto não é testada no “campo de batalha”.

Errar, errar, errar… só isso?

Mas “feito é melhor que perfeito” serve para todo mundo? 

Para uma melhor compreensão da importância de nos comprometermos em agir sem procrastinar, é bem vindo um complemento a esse conceito: “Feito é melhor que perfeito, mas não precisa ser mal feito”.

Para muitas pessoas, já que é para fazer, sai fazendo de qualquer jeito. Sem pensar, no impulso. Gasta energia, se aborrece e se desinteressa, porque o resultado foi negativo ou nem esperou terminar e já desistiu. 

Se pensarmos bem, aquele que, por qualquer motivo “nunca” começa, deve considerar a perspectiva de estar preso à cilada do perfeccionismo. Neste caso, esqueça o complemento e foque no conceito original para sair do lugar. 

Se você é iniciante, se você nunca fez, aceite a possibilidade de estar fazendo o “mal feito”. Aceite que nunca estaremos preparados o suficiente para não cometermos erros. Então comece. Busque o erro para aprender rápido.

“Feito é melhor que perfeito” nunca será o produto final, o resultado definitivo, porque o “perfeito” nunca existirá. Sempre haverá mais a aprender e o que melhorar.

É simples: faça, porque fazendo você sente, você experimenta, você realiza. Mas faça o seu melhor, porque assim você aprende mais rápido, assim você merece o próximo passo. Assim todo erro será bem-vindo. Feito é melhor que perfeito!

Se tem uma coisa que “feito é melhor que perfeito” combate diretamente é o hábito de procrastinar. Uma das características marcantes no TDAH é a procrastinação. Se você quiser saber mais sobre, veja esses dois artigos: TDAH – alguns sintomais mais comuns e TDAH – comportamentos mais comuns (parte 2)

“Sempre é Tempo Agora! Se não agora… Quando?”

Sobre o Autor

Olavo Bertolini
Olavo Bertolini

Nascido no Brasil, nos idos de 1971, mais especificamente na cidade de Bauru no interior do estado de São Paulo, Olavo Emanuel Bertolini, hoje (janeiro/2024) com 52 anos de idade é pai do menino Giovani de 5 anos, casado com sua esposa Juliana há quase 12 anos. Tem formação em gestão empresarial, segurança do trabalho, estratégia em marketing digital e pós graduação em ERGONOMIA pela Universidade Senac de Ribeirão Preto – SP, dando ênfase ao estudo e desenvolvimento das atribuições psicossociais, cognitivas e comportamentais dos indivíduos, principalmente nas suas relações profissionais e de trabalho. Suas viagens pelo Brasil e pelo exterior lhes trouxeram rica experiência cultural e uma incrível expansão de consciência sobre as diferentes dimensões humanas e suas relações. Suas viagens a outros continentes como Ásia, África e Oriente Médio, lhes proporcionaram olhar singular sobre detalhes e nuances peculiares dos relacionamentos multiculturais. Olavo Bertolini é um aficionado em estudar e compreender o comportamento humano, com uma visão pragmática sobre a jornada do desenvolvimento do indivíduo. Alguns dos seus trabalhos favoritos, que tem se tornado rica fonte de pesquisa e aprimoramento, são as suas mentorias individuais com pessoas dedicadas ao seu desenvolvimento pessoal e empresarial. Ávido leitor e hábil mentor na construção de relacionamentos saudáveis e positivos, nos últimos anos tem se dedicado a escrever textos e artigos instigantes na busca de melhor compreender o ser humano.

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