4 dimensões do autoconhecimento

O que é o autoconhecimento?

O autoconhecimento é um processo de conhecer a si mesmo em profundidade. É como se você mergulhasse dentro de si, buscando entender suas emoções, suas motivações, seus valores, seus comportamentos diante de variadas situações. É o caminho para identificar sua verdadeira personalidade sem máscara e sem filtro. É uma descoberta consciente e reflexiva de como sua mente age e de como suas emoções afloram.

O autoconhecimento está diretamente interligado com suas experiências de vida, desde a vida intra-útero até os dias atuais. O que você vivenciou na sua infância, os conceitos e dogmas que você aprendeu e que te foram ensinados nas interações com outras pessoas, refletem o que você é hoje. 

Mas não é só isso. Estudos recentes apontam que características hereditárias formam de 40 a 60 por cento de nossa personalidade. Esses estudos identificaram genes associados à extroversão, à agressividade, à depressão,  ao perfil antissocial e a transtornos diversos como os alimentares, por exemplo. 

Ter consciência de tudo isso, na maioria das vezes não é fácil, porque envolve traumas, experiências desagradáveis, bloqueios que não sabemos nem o porquê de termos,  mas que, inevitavelmente, temos; e quando buscamos esse autoconhecimento, tudo vem à tona, não somente as coisas boas, mas principalmente as ruins, que nos marcaram e nos machucaram. 

Esses desconfortos, essas dores, geralmente são os motivos de não querermos nos aprofundarmos em nós mesmos, em nosso autoconhecimento.  

Personalidade: o que é?

Todos os seres humanos são pertencentes à mesma espécie: Homo sapiens, mas estamos muito longe de sermos iguais por isso. Mais do que nossas diferenças físicas, sutis pela hereditariedade ou mais intensas pela diferenciação de grupos étnicos distintos, é pela formação de nossa personalidade que nos torna indivíduos verdadeiramente únicos. O que nos define é o que nós chamamos de personalidade. A nossa organização interna, de características psicológicas, determinam nossos padrões de pensamentos, sentimentos, ações e reações. Através desses padrões, arranjados de forma única, é que nossa individualidade se expressa.  

O que forma nossa personalidade?

Algumas ponderações podem ajudar você a iniciar a sua jornada do autoconhecimento. Uma delas é que nossa personalidade tem um grau de flexibilidade e adaptabilidade. E é desenvolvida por toda a vida com a formação de padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos. 

O reforço desses padrões durante nossa vida vão consolidando nossa personalidade. Por isso, não é tão fácil mudar a personalidade, mesmo sendo flexível e adaptável.

Muitos estudos científicos comprovam que fatores como: genética, ambiente, educação, experiências, cultura, estilo de vida e até o período da puberdade tem, de forma variada e única em cada pessoa, seus pesos na formação da personalidade. 

O processo de construção da personalidade se dá a partir da infância. Há quem diga que a partir da experiência intra uterina já se tenha influência sobre a formação da personalidade. 

Nossa  personalidade caracteriza a nossa individualidade. Isso se dá porque nós, seres humanos, de forma gradual, organizamos nossos sistemas internos (físico, fisiológico, psíquico e emocional), influenciados pelos fatores genéticos, fatores externos e pelas nossas experiências, a construirmos nossos padrões éticos e morais que conduzem nossa relação em sociedade e conosco mesmo.

O objetivo aqui é o entendimento de como o autoconhecimento é importante para o nosso desenvolvimento. E isso reflete em todas as áreas de nossa vida por toda nossa existência.

Comece pelos “COMOS” para entender os ”PORQUÊS”

Para conseguir compreender melhor o seu “eu”, é importante analisar como você interage com as pessoas em determinados ambientes diferentes, como por exemplo: como você lida no ambiente de trabalho quando você é questionado(a) pelo seu chefe? Como você age com seu parceiro(a) de vida quando é cobrado(a)  para fazer algo que havia esquecido? 

A forma como nos vemos, os comportamentos que temos no “automático”, os sentimentos e as  reações que temos, que nos parecem insensatas ou desproporcionais;  e o juízo que fazemos de nós mesmos, geralmente, não são questionados ou nem percebidos.

As situações cotidianas revelam muito o que somos internamente, porque, se começarmos a analisar como agimos e reagimos a elas, passamos a ter a possibilidade de entendermos os “porquês” dos padrões de nossa personalidade. O autoconhecimento necessita desse aumento de nível de consciência de si mesmo. 

Esse enfrentamento precisa ser feito com coragem, mesmo que não gostemos do que vamos encontrar, mesmo que cause sofrimento.  Mas por outro lado, é um caminho que pode levar à libertação do que nos limita e ao encontro harmônico consigo mesmo. É preciso ressaltar que o acompanhamento profissional adequado contribui muito nesse processo do autoconhecimento, auxiliando para que ele não nos deixe mais prejuízos do que soluções. 

O autoconhecimento pode ser dividido em 4 dimensões para facilitar o nosso entendimento: 

  1. Autoconhecimento emocional: envolve uma reflexão, análise e compreensão de suas próprias emoções, das suas fontes e de como você as expressa. Além da sua auto-análise, também inclui a percepção das emoções dos outros ao seu redor e interação com as suas próprias emoções;
  1. Autoconhecimento cognitivo: está relacionado à compreensão das suas capacidades mentais cognitivas (a atenção, a orientação, a memória, as gnosias, as funções executivas, as praxias, a linguagem, a cognição social e as habilidades visuoespaciais) e como isso influencia na construção de seus pensamentos, de suas experiências e de seus valores. Entender a condição das suas habilidades mentais cognitivas ajuda a  identificar como esses aspectos interferem nas decisões do dia-a-dia e que tipo de intervenção pode ser feita para ajudar no autodesenvolvimento;
  1. Autoconhecimento comportamental: envolve uma análise dos seus comportamentos, hábitos e padrões de ação. Identificar comportamentos indesejados, temerários e destrutivos, descobrir suas raízes para ter a possibilidade de alterados e, também identificar os comportamentos positivos e construtivos, para poder replicá-los e multiplicá-los, construindo uma nova forma de se relacionar com os acontecimentos;
  1. Autoconhecimento relacional: você deve analisar como você interage com outras pessoas, como você se relaciona na vida pessoal e profissional, sendo importante compreender como suas ações afetam as outras pessoas e a você mesmo.

Qual seria a importância do autoconhecimento?

O autoconhecimento é fundamental para o desenvolvimento pessoal e crescimento sócio emocional do ser humano. É por ele que passamos a ter consciência de nossa autoimagem, do nível de nossa autoestima, descobrimos nossos bloqueios emocionais e nossos processos de autossabotagem, entendemos nossas limitações e nossas habilidades, aumentamos o nosso nível de consciência, aprendemos, amadurecemos e assumimos nossa autorresponsabilidade. 

Passamos a ter a possibilidade de trabalharmos com uma intenção consciente no desenvolvimento de nossa personalidade. O aprimoramento desse processo vem com a obtenção de pequenos resultados que, degrau por degrau, vão modificando nossos padrões internos, nosso conjunto de valores, proporcionando novas experiências para validá-los.

Imagine algumas dessas possibilidades: haverá tomada de decisões mais conscientes e mais assertivas da sua parte com base em seus novos valores em busca de novas perspectivas e resultados. Sua comunicação e interação interpessoal será otimizada conscientemente, por você. Seus objetivos poderão ser alcançados de uma maneira mais fácil, ou menos difícil. As situações difíceis e incômodas não serão mais evitadas e passarão a ser encaradas como oportunidades para seu crescimento.

Como posso desenvolver o autoconhecimento?

O autoconhecimento pode ser desenvolvido através de acompanhamento terapêutico especializado, autoquestionamento, prática de meditação, escrita com auto reflexão, busca de opiniões verdadeiras de como outras pessoas te vêem – lembrando que essas opiniões devem ser analisadas com cuidado, porque as outras pessoas também possuem suas próprias crenças e valores e suas opiniões, geralmente, serão embasadas nisso.

Também pode ser buscado vivenciando novas experiências para que você possa desenvolver novos olhares; conhecendo pessoas novas com diferentes padrões de ação e de emoção; se lançando ao aprendizado e a busca de conhecimento, testando novas possibilidade de forma consciente e, criando uma rotina de auto desafio para vencer a famosa zona de conforto.  

Lembre-se que o autoconhecimento é uma jornada para dentro de nós mesmos, é um processo contínuo e permanente. É ele que vai proporcionar descobertas que só você pode fazer. O que nos impede de crescer e de nos desenvolver como indivíduos, somente tem a possibilidade de ser mudado a partir do autoconhecimento. 

Nessa jornada o que menos importa é o fim da viagem, mas sim aprendermos a apreciar e desfrutar de toda beleza que há nesse percurso para o nosso próprio crescimento. Esse é o mergulho mais gratificante e enriquecedor que pode existir, o mergulho em nossa própria existência. 

Você pode ver mais sobre autoconhecimento acessando este outro artigo: O autoconhecimento e a gestão das emoções

Escreva nos comentários a sua opinião sobre esse artigo. Esperamos te inspirar na busca da sua jornada do autoconhecimento.

“Sempre é Tempo Agora! Se não agora… Quando?”

Sobre o Autor

Juliana Silva Teles
Juliana Silva Teles

Colaboradora frequente do Blog Sempre é Tempo Agora através de seus valorosos artigos, Juliana Augusta Spinelli da Silva Teles, 44 anos, é médica, mãe amorosa e esposa zelosa. Dentre suas várias especialidades está a reumatologia e a medicina da saúde no trabalho. É membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia e tem vasta experiência em atendimento clínico e de urgência e emergência. Autora de alguns artigos científicos publicados, em sua área profissional, passou a se dedicar a redigir artigos de assuntos que lhes são interessantes. Entusiasta exploradora de lugares que ainda desconhece, tem dedicado parte de sua vida à novas experiências em suas viagens pelo mundo. Sua curiosidade em conhecer, entender e até experimentar estilos de vida diferentes do seu faz da doutora Juliana uma rica fonte de histórias enriquecedoras. Seu objetivo com a criação de seus textos é compartilhar com o leitor o que considera o melhor de si. Sua simplicidade e clareza mental são excelentes parceiras na construção de seus leves e prazerosos textos.

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